NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE O PROJETO DE REDD+
- Ka'apor Ta Hury
- 4 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de jun.
Diante de informações equivocadas que vêm sendo divulgadas sobre a atuação da Associação Ka’apor e seus projetos, sentimos a necessidade de esclarecer os fatos. Esta nota tem como objetivo reafirmar nosso compromisso com a verdade, a autonomia do povo Ka’apor e a integridade do processo coletivo que orienta nossas decisões.

O projeto REDD+ Alto Turiaçu nasceu do desejo do povo Ka’apor. No exercício da sua
autonomia, as comunidades que habitam o território Alto Turiaçu, aqui representados pela
Associação Ka’apor Ta Hury e por 24 caciques, que juntos configuram mais de 95% da população
local, decidiram desenvolver um projeto de REDD+ e convidaram a empresa Wildlife Works, em
2023, para iniciar tratativas e discussões.
O povo Ka’apor tem lutado com muito sofrimento, ao longo de décadas, para proteger seu
território e buscar financiamento para desenvolver atividades de geração de renda sustentável e
promover a conservação de sua cultura. Nossos guardiões combatem o fogo e asinvasões de forma
voluntária e sem equipamentos. Nossas escolas são mal equipadas e a população sofre com falta
de infraestrutura. Acreditamos que REDD+ é o mecanismo adequado para que possamos acessar
financiamento climático direto e reafirmar nossa autonomia sobre nosso território.
A convite das lideranças, tem se desenvolvido, ao longo de dois anos, um rigoroso processo de
Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI), realizado de acordo com as regras da Convenção OIT
169. A nova lei do Mercado de Carbono reafirma nosso direito de buscar um projeto próprio de
REDD+. 24 oficinas foram conduzidas de forma exemplar e transparente e o projeto recebeu o
apoio e a adesão da maioria absoluta das aldeias, incluindo o povo Timbira e Awá. FUNAI e
Ministério Público foram convidados a participar de todas essas oficinas.
Repudiamos tentativas externas de barrar essa iniciativa, promovidas por indivíduos e
organizações como FETAEMA, IBDH e Transitional Justice Institute, sem reais laços com nosso
território. Tais iniciativas atentam contra nossa autonomia e desrespeitam a governança do
território, dando voz a um pequeno grupo isolado que não representa nossa população. Essas ações
têm recebido apoio financeiro de entidades internacionais como Grassroots International e Salve
a Floresta (Rainforest Rescue), que fomentam a desinformação e buscam enfraquecer a
autodeterminação do nosso povo, inclusive entrando no território sem autorização ou consulta.
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